O Grupo Humanitas de Teatro é um centro de pesquisa teatral onde o foco de atenção é o trabalho do ator, sua arte. Aqui vocês vão poder conferir a trajetória desta companhia que, desde 2000, faz história na cidade de Timon - MA.



segunda-feira, 17 de novembro de 2008

PERFORMANCE TEATRAL "AJOELHA E REZA" PREMIADA NO III FESTIVAL DE TEATRO DE TERESINA


É próprio do amor carregar as virtualidades que o renovam e transformam em cada dobra do tempo-espaço. Essas se atualizam, mas não se esgotam, continuando a provocar novos devires. A questão, aqui, é acompanhar alguns movimentos subjetivos de alguém que procura viver o amor no contemporâneo, tomando seus desdobramentos como modos de viver esse tempo, como processos que afirmam uma criação de si, e, porque não dizer, uma despersonalização.
A dificuldade se encontra em colocar o amor em relação às singularidades desse tempo, sem que com isso se faça uma leitura nostálgica, dramática, claustrofóbica dos movimentos que, hoje, se insinuam. A música escolhida para essa leitura foi Ajoelha e Reza de Arnaldo Black e Carlos Rennó. Com isso, busca-se garantir as transformações subjetivas ocorridas por quem se aventura amorosamente no contemporâneo em seus diferentes desdobramentos.
Ajoelha e reza tem como tema principal o amor. Livremente inspirada na música de Arnaldo Black e Carlos Rennó, a performance fala do encontro de um casal e uma declaração amorosa no meio deste encontro amoroso. Ao se declarar ele deixa ela num tremendo estado de ebulição. Nessa história de “amor e ventura, verdade e mentira” o Grupo Humanitas traz a belíssima voz de Tetê Espíndola e Bella Guima interpretando a canção que serve de pano de fundo para a trajetória do casal.

FICHA TÉCNICA:
Texto –Livremente inspirado no poema de Arnaldo Black e Carlos Rennó
Tradução para o Teatro – Jr Marks
Revisão – Adriana Campelo
Figurinos – Grupo Humanitas de Teatro
Intérpretes Teatrais – Jr. Marks e Adriana Campelo
Intérpretes Musicais – Bella Guima e Tetê Espíndola
O perador de som – Iarla Ribeiro
Realização do projeto – Grupo Humanitas de Teatro

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

17 MINUTOS ANTES DE VOCÊ


O Grupo HUMANITAS de Teatro, emprestou o ator Jr Marks à Truá Cia. Cênica. Com o Ator Humanitas a companhia montou o espetáculo 17 MINUTOS ANTES DE VOCÊ.O espetáculo 17 MINUTOS ANTES DE VOCÊ gira em torno de um casal de idosos que construiu toda uma vida juntos, sem filhos. Cada um mergulha no seu mundo: a velha, sua novela de rádio; o velho, suas doenças e seus remédios. A partir deste desencontro de ações e reações, vai-se traçando um painel do cotidiano destas pessoas que buscam na estranheza um do outro, no jogo de vontades imediatas conflitantes entre si, saciar a necessidade de estarem juntos. Vale a pena conferir!

Ficha técnica:

TEXTO - Criação Coletiva
DIREÇÃO - Eraldo Maia
CO-DIREÇÃO - Elielson Pachêco
INTÉRPRETES CRIADORES - Júnior Marks e Vitorino Rodrigues
ILUMINAÇÃO - Bruno
SONOPLASTIA - Kelson

Este foi um momento do debate da II Mostra Proposta de teatro em Timon. Pense que eles (os jurados) comeram o nosso couro. O espetáculo apresentado neste festval foi o "Meu último amor acabou antes de ontem" de Júnior Marks e direção de Júnior Marks. No elenco: Adriana Campelo, Eristóteles Pegado, Flávia Sousa, Gil Farias e Júnior Marks. Na técnica, Iarla Ribeiro, Kátia Teodoro e Vítor Sampaio.

SOBRE O ATOR

" Yan, alma para os índios. Estaria ela perdida, esquecida, ou em simples e imperceptível transformação? Uma transformação que por não ser muito percebida, vem a ser perigosa. Como lutar contra o que sequer percebemos, contra o que não se sabe? Será possível ter consciência daquilo que não se percebe?A arte trabalha antes de mais nada com a percepção. Seu poder principal não está em o que dizer, mas no como. Quando atinge a percepção, é que ela revoluciona. É no inconsciente que encontramos nossa particularidade, nossa individualidade, mas também os elos que nos atam uns aos outros. E a arte, quando logra atingir nosso inconsciente, nossa percepção profunda, vasculha um universo equiparável ao dos sonhos, dos pesadelos, como desejou Artaud.Mas para atingir este universo interior, subjetivo, perceptivo, a arte precisa fazer uso de instrumentos materiais objetivos. Com freqüência se diz que o instrumento de trabalho do ator é o seu corpo. Falso. O instrumento de trabalho do ator não pode ser o corpo. Não podemos transformar um defunto em ator. O corpo não é algo, e nossa pessoa algo distinto. O corpo é a pessoa. A alma o anima, mas sem ele não seríamos pessoas, mas anjos. Tampouco é o corpo vivo o instrumento de trabalho do ator. A arte é algo que está em vida, ou seja, algo que irradia uma vibração, uma presença. É o corpo-em-vida, como prefere Eugenio Barba, o instrumento do ator.Existem, no entanto, como nota o próprio Barba, pelo menos duas dimensões deste corpo-em-vida: a dimensão física e mecânica e a dimensão interior. As duas formam uma unidade. Esta unidade, no âmbito do trabalho do ator, nem sempre é ou pode ser trabalhada como tal. Ela deve ser vista não como ponto de partida, mas como ponto de chegada. Pode-se, e é muitas vezes necessário, trabalhar estas dimensões separadamente. No entanto, não se pode perder de vista a unidade.Trabalhar tão somente a dimensão física e mecânica seria formar jovens belos e fortes, mas não necessariamente atores; trabalhar apenas a dimensão interior poderia ser terapêutico, mas tampouco formaria atores. Uma não existe sem a outra, mesmo que o enfoque possa estar momentaneamente concentrado em uma ou outra destas duas dimensões. A imagem usada por Artaud é novamente bem vinda: atletas afetivos.Se o corpo não é tão somente corpo , mas corpo-em-vida, então ele é o canal por meio do qual o ator entra em contato com aspectos distintos de seu ser gravados em sua memória. O corpo não tem memória, ele é memória, como disse Grotowski. Trabalhar um ator é, sobretudo e antes de mais nada, preparar seu corpo não para que ele diga, mas para que ele permita dizer. Não mostrar o que ele é, mas revelar o que, por meio dele, se descobre ser. Ser artista é antes de mais nada se predispor a revelar. A revelação pede generosidade e coragem. Uma máscara pode mesquinha e covardemente esconder, ou revelar, dilatando o que não se vê. Depende de como ela é usada. Um corpo também. Podemos nos esconder atrás de nosso corpo, de maneira a deixá-lo belo, e isto não ser senão uma forma de escamotear o que temos medo de ser ou demonstrar. Ou, ao contrário, por meio do corpo podemos revelar o que somos e sentimos. O artista descobre por meio de sua arte o sentido das coisas.Ele não diz o sentido, nos permite descobrir um sentido. E, paradoxalmente, este sentido não está em outro lugar se não em nós mesmos. O artista e sua arte abrem, portanto, caminhos que nos permitem entrar em contato com nossa própria percepção profunda, com algo que existe em nós e está adormecido, esquecido. A arte não é senão uma viagem para dentro de nós mesmos, um reatar contato com recantos secretos, esquecidos, com a memória.A busca do ator, assim como a de todo artista que quer algo mais do que um simples reconhecimento social e econômico, é a incontestável tentativa de reavivar a memória. A verdadeira técnica da arte de ator é aquela que consegue esculpir o corpo e as ações físicas no tempo e no espaço, acordando memórias, dinamizando energias potenciais e humanas, tanto para o ator como para o espectador. "