Mais uma crítica sobre o "Quando o Amor é assim e não assado" fora publicada. Dessa vez, o autor do texto é José Neres*. Confiram abaixo:
AMOR NEM ASSIM E NEM ASSADO
Subir a um palco para fazer um monólogo é sempre algo muito difícil para qualquer ator, seja ele iniciante ou experiente. Sem ter falas alheias para lhe servir de gancho e tendo que, em determinados casos, assumir papéis diferentes e até mesmo antagônicos, o artista tem que ser uno e múltiplo para conseguir se desdobrar no manejo com o texto e ao mesmo tempo convencer o público.
No Monólogo “Quando o Amor é Assim e não Assado”, adaptado do livro homônimo, de autoria de Junior Marks (Francisco José de Sousa Marques Júnior), que também é o ator/autor da peça. O texto trata basicamente da transição do mundo adolescente para o universo dito adulto, com todos os conflitos existenciais, as dúvidas com relação à sexualidade, a busca de amizades sólidas e as angústias oriundas de escolhas nem sempre bem compreendidas pela sociedade.
O protagonista é Neto um rapaz que, passando dos trinta anos de vida, faz uma reflexão sobre eu passado e suas descobertas físicas e sentimentais, além de descobrir-se, desde a adolescência, apaixonado por um colega/amigo da escola, Hiago, que se torna o contraponto da narrativa, ajudando a compor o clima do enredo.
O cenário é extremamente minimalista, mas o suficiente para a progressão das cenas. Os caixotes em forma de cubo, e pintados de preto, apresentam múltiplas utilidades e servem como apoio em diversos momentos da representação, ora como parte da praça de alimentação de shopping, ora como bancada para o computador, ora como suporte para as mensagens que servem como guia para o desenrolar da história.
Como autor do livro e adaptador do texto para a linguagem teatral, o ator Junior Marks demonstrou segurança nas transições de cenas, embora tenha iniciado a apresentação um pouco mais tenso que o necessário. Mas ao longo da representação voltou a tomar as rédeas da narrativa e soube conduzir o enredo para o clímax, envolvendo a plateia com algumas excelentes tiradas e um desfecho aberto que demonstrou bastante maturidade cênica.
De modo geral, a peça “Quando o Amor é Assim e não Assado” cumpriu com seu objetivo, que era ir além do lúdico, deixando espaço para reflexões e debates sobre temáticas variadas como, por exemplo, as relações humanas, os conflitos familiares, amizades, amores conturbados, angústias existenciais e tantas outras questões que são levantadas nas entrelinhas do texto. Trata-se de uma boa peça que pode dar margens para diversas discussões.
*José Neres nasceu em São José de Ribamar em 17 de fevereiro de 1970. Fez estudos iniciais em Brasília e Goiás, locais onde passou a infância. De volta ao Maranhão, cursou Letras Português e Espanhol (UFMA), especializou-se em Literatura Brasileira (PUC-MG) e depois fez mestrado em Educação (UCB). É autor de centenas de artigos, resenhas e ensaios publicados em jornais e revistas de circulação local e/ou nacional. Trabalha/trabalhou como professor de língua e literatura nas seguintes instituições de ensino: Colégio Brasil, Centro de Ensino Universitário José Maria do Amaral, Faculdade Atenas Maranhense, Faculdade Pitágoras, Faculdade Santa Fé e Universidade Federal do Maranhão, além de haver prestado serviços para a Universidade Estadual do Maranhão, Instituto Superior Franciscano e Centro Sul Brasileiro de Pesquisa e Pós-Graduação. É membro efetivo da Academia Maranhense de Letras, onde ocupa a Cadeira 36.
Fonte: http://joseneres.com/eventos
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